Old childhood.

Desde pequena presenciei brigas dos meus pais. Eu via aquilo,e ficava profundamente triste. Eu me isolava num cantinho da casa com um ursinho de pelúcia,e ali passava a noite. Eu era muito criança,não entendia bem a razão e o por quê daquilo,eu me sentia triste e sozinha. E desde então,eu me isolei de tudo,eu brincava sozinha com minhas bonecas,falava sozinha e assim eu era. Eu fui crescendo,e ainda sim não mudava em muitas coisas,tinha um certo receio de aproximar-se das pessoas,um medo. Eu nunca fui de ter muitos amigos. Eu nunca fui de festas e curtições. E os poucos amigos que tinham,até hoje os tenho. Alguns distantes,alguns que nem falam mais comigo mas que porém,tenho todos guardados em minha memória. Eu sempre tive problema para resolver as coisas,eu sempre as complico mais. Eu não sou uma pessoa forte. Eu já pensei várias vezes em não viver mais. E quando eu falo isso pra alguém,as pessoas pensam: ” Ah,você tem comida na mesa todos os dias,tem roupas,dinheiro,família.” Eu sei que muitas pessoas sonham com isso,mas ainda sim eu sinto um vazio,eu sinto falta de um colo materno,de quando o papai me levava pra o parquinho e ali eu via a tarde se passar. Eu não exijo muito sabe,eu só queria ter alguém verdadeiro por perto,só isso. Só isso. Eu queria que as coisas fossem mais simples e menos complicadas pelo menos uma vez. Mas há algo dentro de mim,algo bom. Algo puro. Que não me deixa perder a esperança que que um dia tudo vai melhorar. De que um dia eu vou poder sorrir,e ter a certeza de que nada está incompleto. Motivos nenhum me fará perder a vontade de buscar minha felicidade.

Marcella Cavalcante.